domingo, 22 de setembro de 2013

32 - CERSEI



- Mil navios! - os cabelos castanhos da pequena rainha estavam desgrenhados e despenteados, e a luz dos archotes fazia suas faces parecerem coradas, como se tivesse acabado de sair dos braços de algum homem. - Vossa Graça, isso tem de ter uma resposta violenta! - sua última palavra ressoou nas vigas e ecoou pela cavernosa sala do trono.
Sentada em seu cadeirão dourado e carmesim, sob o Trono de Ferro, Cersei sentia um crescente aperto no pescoço. Tem, pensou. Ela se atreve a me dizer “tem ”. Sentiu o impulso de esbofetear a garota Tyrell. Devia estar de joelhos, suplicando minha ajuda. Em vez disso, ousa dizer à sua legítima rainha o que ela tem de fazer.
- Mil navios? - Sor Harys Swyft respirava ruidosamente. - Com certeza não. Não há nenhum senhor que comande mil navios.
- Um tolo assustado qualquer contou em dobro - concordou Orton Merryweather. - É isso, ou são os vassalos de Lorde Tyrell que estão mentindo para nós, exagerando os números do inimigo para que não os achemos frouxos.
Os archotes da parede do fundo faziam estender a longa sombra farpada do Trono de Ferro por metade da distância até as portas. A extremidade mais distante do salão estava perdida na escuridão, e Cersei não conseguia evitar sentir que as sombras também estavam se fechando em volta de si. Meus inimigos estão por toda parte, e meus amigos são incapazes. Bastava-lhe olhar os conselheiros de relance para saber que assim era; só Lorde Qyburn e Aurane Waters pareciam acordados. Os outros tinham sido tirados da cama pelos mensageiros de Margaery batendo em suas portas, e estavam ali, amarrotados e confusos. Lá fora, a noite estava negra e silenciosa. O castelo e a cidade dormiam. Boros Blount e Meryn Trant pareciam estar também, embora em pé. Até Osmund Kettleblack bocejava. Mas Loras não. Nosso Cavaleiro das Flores não. Estava em pé atrás da irmã mais nova, uma sombra pálida com uma espada longa à anca.
- Metade desse número de navios ainda seria quinhentos, senhor - fez Waters notar a Orton Merryweather. - Só a Árvore tem força no mar suficiente para se opor a uma frota desse tamanho.
- E os seus novos dromones? - Sor Harys questionou. - Com certeza os dracares dos homens de ferro não poderão resistir aos nossos dromones. O Martelo do Rei Robert é o mais poderoso navio de guerra de todo Westeros.
- Era - Waters rebateu. - O Doce Cersei será seu igual, depois de concluído, e o Lorde Tywin terá duas vezes o tamanho de ambos. Mas só metade deles se encontra equipada, e nenhum tem a tripulação completa. Mesmo quando tiverem, os números se manterão frontalmente contra nós. O dracar comum é pequeno comparado com as nossas galés, é verdade, mas os homens de ferro também têm navios maiores. O Grande Lula Gigante de Lorde Balon e os navios de guerra da Frota de Ferro foram feitos para a batalha, não para ataques de corso. São iguais às nossas galés, menores em velocidade e força, e a maior parte encontra-se mais bem tripulada e capitaneada. Os homens de ferro vivem a vida inteira no mar.
Robert devia ter limpado as ilhas depois de Balon Greyjoy ter se levantado contra ele, Cersei pensou. Esmagou a sua frota, queimou suas vilas e quebrou seus castelos, mas quando os teve de joelhos, voltou a largá-los. Devia ter criado outra ilha com seus crânios. Era isso que seu pai teria feito, mas Robert nunca teve o estômago necessário a um rei com a esperança de manter a paz no reino.
- Os homens de ferro não se atrevem a atacar a Campina desde o tempo em que Dagon Greyjoy ocupou a Cadeira de Pedra do Mar - Cersei disse. - Por que o fariam agora? O que os encorajou?
- Seu novo rei - Qyburn estava com as mãos escondidas nas mangas. - Irmão de Lorde Balon. Chamam-no Olho de Corvo.
- Os corvos fazem seus banquetes nas carcaças dos mortos e moribundos - disse o Grande Meistre Pycelle. - Não descem sobre animais vigorosos e saudáveis. Lorde Euron irá se empanturrar de ouro e saque, sim, mas assim que nos movermos contra ele, regressará a Pyke, como Lorde Dagon costumava fazer nos seus tempos.
- Engana-se - Margaery Tyrell interveio. - Corsários não atracam com tais forças. Mil navios! Lorde Hewett e Lorde Chester foram mortos, assim como o filho e herdeiro de Lorde Serry, que fugiu para Jardim de Cima com os poucos navios que lhe restaram, e Lorde Grimm é prisioneiro em seu próprio castelo. Willas diz que o rei de ferro promoveu quatro lordes seus para os lugares dos nossos.
Willas, pensou Cersei, o aleijado. A culpa disso é dele. Aquele idiota do Mace Tyrell deixou a defesa da Cam pina nas mãos do desgraçado de um fracote.
- Das Ilhas de Ferro às Escudo é uma longa viagem - fez notar. - Como podem mil navios ter percorrido toda essa distância sem serem vistos?
- Willas crê que não seguiram a costa - Margaery respondeu. - Fizeram a viagem fora de vista de terra, penetrando profundamente no Mar do Poente e caindo sobre a costa vindos de Oeste.
O mais provável é que o aleijado não tivesse as torres de vigia guarnecidas, e agora teme que descubramos. A pequena rainha está inventando desculpas pelo irmão. Cersei tinha a boca seca. Preciso de uma taça de dourado da Árvore. Se os homens de ferro decidissem tomar a Arvore em seguida, logo o reino inteiro poderia estar passando sede.
- Stannis pode ter tido um dedo nisso. Balon Greyjoy ofereceu ao senhor meu pai uma aliança. O filho talvez tenha oferecido uma a Stannis.
Pycelle franziu as sobrancelhas.
- O que Lorde Stannis ganharia com...
- Ele ganha outra base de operações. E saque. Isto também, Stannis precisa de ouro para pagar seus mercenários. Ao assaltar o oeste, espera poder nos distrair de Pedra do Dragão e Ponta Tempestade.
Lorde Merryweather assentiu com a cabeça.
- Uma diversão. Stannis é mais astucioso do que julgávamos. Vossa Graça é esperta por ter descortinado o plano.
- Lorde Stannis está tentando ganhar os nortenhos para sua causa - disse Pycelle. - Se fizer amizade com os nascidos no ferro, não pode esperar...
- Os nortenhos não o aceitam - Cersei rebateu, perguntando a si mesma como poderia um homem tão erudito ser tão estúpido. - Lorde Manderly cortou a cabeça e as mãos do Cavaleiro das Cebolas, sabemos disso pelos Frey, e meia dúzia de outros senhores do Norte juntaram-se a Lorde Bolton. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Para onde mais Stannis há de se virar, além dos homens de ferro e dos selvagens, os inimigos do Norte? Mas, se julga que vou cair em sua armadilha, é mais tolo do que você - virou-se novamente para a pequena rainha. - As Ilhas Escudo pertencem à Campina. Grimm, Serry e os outros estão juramentados a Jardim de Cima. Cabe a Jardim de Cima dar resposta a isto.
- Jardim de Cima responderá - disse Margaery Tyrell. - Willas mandou uma mensagem a Leyton Hightower, em Vilavelha, para que trate de suas defesas, Garlan está reunindo homens para voltar a tomar as ilhas. Mas a maior parte de nossas forças permanece com o senhor meu pai. Temos de lhe enviar uma mensagem para Ponta Tempestade. Imediatamente.
- E levantar o cerco? - Cersei não gostou da presunção de Margaery. Ela me diz “imediatamente” Será que me toma por sua aia? - Não tenho nenhuma dúvida de que isso agradaria a Lorde Stannis. Está me ouvindo, senhora? Se ele conseguir afastar nossos olhos de Pedra do Dragão e Ponta Tempestade para esses rochedos...
- Rochedos? - Margaery arquejou. - Vossa Graça disse rochedos?
O Cavaleiro das Flores pousou a mão no ombro da irmã.
- Se Vossa Graça me permitir, a partir desses rochedos os homens de ferro ameaçam Vilavelha e a Árvore. A partir de praças-fortes nos Escudos, atacantes podem subir o Vago até o próprio coração da Campina, como faziam antigamente. Com homens suficientes, podem até ameaçar Jardim de Cima.
- É mesmo? - a rainha retrucou, toda inocente. - Ora, então é melhor que seus bravos irmãos os escorracem desses rochedos, e depressa.
- Como sugeriria a rainha que o façam, sem navios em número suficiente? - perguntou Sor Loras. - Willas e Garlan podem recrutar dez mil homens dentro de uma quinzena e duas vezes esse número em uma volta de lua, mas não são capazes de caminhar sobre a água, Vossa Graça.
-Jardim de Cima ergue-se sobre o Vago - Cersei lembrou-lhe. -Vocês e seus vassalos controlam mil léguas de litoral. Não haverá pescadores ao longo de suas costas? Não têm barcaças de prazer, não têm botes, não têm galés fluviais, não têm esquifes?
- Muitos, e mais ainda - admitiu Sor Loras.
- Barcos como esses devem ser mais do que suficientes para levar uma hoste através de uma pequena extensão de água, julgo eu.
- E quando os dracares dos nascidos no ferro caírem sobre nossa frota improvisada enquanto tenta atravessar essa “pequena extensão de água” o que Vossa Graça acha que devemos fazer então?
Afogar-se, Cersei respondeu em pensamento.
-Jardim de Cima também tem ouro. Tem a minha autorização para contratar mercenários do outro lado do mar estreito.
- Piratas de Myr e Lys, é isso o que quer dizer? - perguntou Loras com desprezo. - A escória das Cidades Livres?
É tão insolente quanto a irmã.
- Lamento dizê-lo, mas todos nós temos de lidar com escória de vez em quando - disse, com uma doçura venenosa. - Talvez tenha uma ideia melhor?
- Só a Árvore tem galés em número suficiente para recuperar a foz do Vago das mãos dos homens de ferro e proteger meus irmãos de seus dracares durante a travessia. Suplico a Vossa Graça, envie uma mensagem para Pedra do Dragão e ordene a Lorde Redwyne para içar imediatamente as velas.
Pelo menos tem o bom-senso de suplicar. Paxter Redwyne possuía duzentos navios de guerra, e cinco vezes esse número em carracas mercantes, cocas de vinho, galés comerciais e baleeiros. Contudo, encontrava-se acampado à sombra das muralhas de Pedra do Dragão, e a maior parte de sua frota estava ocupada com travessias da Baía da Água Negra, transportando homens para o assalto dessa fortaleza insular. O restante patrulhava a Baía dos Naufrágios, ao sul, onde só sua presença impedia que Ponta Tempestade fosse reabastecida por mar.
Aurane Waters irritou-se com a sugestão de Sor Loras.
- Se Lorde Redwyne fizer zarpar seus navios, como vamos abastecer nossos homens em Pedra do Dragão? Sem as galés da Árvore, como manteremos o cerco a Ponta Tempestade?
- O cerco pode ser retomado mais tarde, depois de...
Cersei o interrompeu.
- Ponta Tempestade é cem vezes mais valiosa do que os Escudos, e Pedra do Dragão... enquanto permanecer nas mãos de Stannis Baratheon, é uma faca na garganta do meu filho. Libertaremos Lorde Redwyne e sua frota quando o castelo cair - a rainha se levantou. - Esta audiência chegou ao fim. Grande Meistre Pycelle, uma palavra.
O velho sobressaltou-se, como se a voz de Cersei o tivesse acordado de algum sonho de juventude, mas antes de ter tempo de responder, Loras Tyrell avançou a passos largos, com uma tal rapidez que a rainha se retraiu, alarmada. Estava prestes a gritar pela defesa de Sor Osmund quando o Cavaleiro das Flores caiu sobre um joelho.
- Vossa Graça, permita-me que tome Pedra do Dragão.
A mão da irmã subiu à boca.
- Loras, não.
Sor Loras ignorou a súplica.
- Levará meio ano ou mais obrigando Pedra do Dragão à submissão pela fome, como Lorde Paxter pretende fazer. Dê-me o comando, Vossa Graça. O castelo será seu dentro de uma quinzena, nem que eu tenha de derrubá-lo com as mãos nuas.
Ninguém dava a Cersei um presente tão delicioso desde que Sansa Stark correra para junto de si a fim de divulgar os planos de Lorde Eddard. Ficou feliz por ver que Margaery empalidecera.
- Sua coragem deixa-me sem fôlego, Sor Loras - a rainha disse. - Lorde Waters, algum dos novos dromones está pronto para ser lançado ao mar?
- O Doce Cersei está, Vossa Graça. Um navio rápido e tão forte quanto a rainha que lhe deu o nome.
- Magnífico. Que o Doce Cersei leve imediatamente nosso Cavaleiro das Flores a Pedra do Dragão. Sor Loras, o comando é seu. Jure-me que não regressará até que Pedra do Dragão pertença a Tommen.
- Juro, Vossa Graça - e pôs-se em pé.
Cersei beijou-o em ambas as faces. Também beijou a irmã do cavaleiro e murmurou:
- Tem um irmão galante - ou Margaery não teve a elegância de responder, ou o medo lhe roubara as palavras por completo.
A alvorada ainda tardava várias horas quando Cersei se esgueirou pela porta do rei, atrás do Trono de Ferro. Sor Osmund seguia à sua frente com um archote, e Qyburn ia ao seu lado, caminhando em pequenos passos, Pycelle tinha de se esforçar para acompanhá-los.
- Se Vossa Graça me permite - ofegou - os jovens são demasiado ousados e só pensam na glória da batalha, nunca em seus perigos. Sor Loras... esse seu plano está repleto de perigos. Assaltar as muralhas de Pedra do Dragão...
- ... é de grande coragem.
- ... coragem, sim, mas...
- Não tenho dúvida alguma de que o nosso Cavaleiro das Flores será o primeiro homem a atingir as ameias - e talvez o primeiro a cair. O bastardo bexiguento que Stannis deixara para defender o castelo não era nenhum imberbe campeão de torneios, mas um matador experiente. Se os deuses fossem bons, daria a Sor Loras o fim glorioso que ele parecia desejar. Assumindo que o rapaz não se afogará no caminho. Tinha havido outra tempestade na noite anterior, uma das violentas. A chuva caíra durante horas em lençóis negros. E não seria uma tristeza? Cismou a rainha. O afogamento é comum. Sor Loras anseia por glória como os verdadeiros homens anseiam por mulheres, o mínimo que os deuses podem fazer é conceder-lhe uma morte digna de uma canção.
Mas não importa o que acontecesse ao rapaz em Pedra do Dragão, a rainha sairia vencedora. Se Loras tomasse o castelo, Stannis sofreria um sério golpe, e a frota Redwyne poderia zarpar para ir ao encontro dos homens de ferro. Se falhasse, ela se asseguraria de que ele ficasse com a parte do leão da culpa. Não há nada que faça um herói perder tanto o brilho do que o fracasso. E se vier para casa em cima do escudo, coberto de sangue e glória, Sor Osney estará lá para consolar a irmã aos prantos.
A gargalhada não podia continuar a ser contida. Saltou de entre os lábios de Cersei e ecoou corredor afora.
- Vossa Graça? - pestanejou o Grande Meistre Pycelle, deixando a boca abrir-se.
- Por que... por que ri?
- Ora - ela teve de dizer - de outra forma talvez chorasse. Meu coração está arrebentando de amor por nosso Sor Loras e por seu valor.
Deixou Grande Meistre na escada em espiral. Aquele já viveu mais do que qualquer utilidade que um dia pode ter tido, decidiu a rainha. Tudo que Pycelle parecia fazer nos últimos tempos era infernizá-la com avisos e objeções. Até objetara ao entendimento a que chegara com o Alto Septão, olhando-a de boca aberta e olhos baços e ramelosos quando lhe ordenara que preparasse os papéis necessários, balbuciando acerca de história velha e morta, até que Cersei o interrompeu.
“Os tempos do Rei Maegor terminaram, e seus decretos também” dissera com firmeza. “Estes são os tempos do Rei Tommen e meus.” Teria feito melhor se o tivesse deixado para morrer nas celas negras.
- Se Sor Loras falhar, Vossa Graça precisará encontrar outro homem digno da Guarda Real - disse Lorde Qyburn enquanto atravessavam o fosso coberto de espigões que cingia a Fortaleza de Maegor.
- Alguém que seja magnífico - ela concordou. - Alguém tão jovem, rápido e forte que Tommen esqueça tudo sobre Loras. Um pouco de galanteria não faria mal, mas sua cabeça não deve estar cheia de ideias tolas. Conhece algum homem assim?
- Infelizmente, não - Qyburn respondeu. - Tinha em mente outro tipo de campeão. O que lhe falta em galanteria, lhe daria multiplicado por dez em devoção. Protegerá seu filho, matará seus inimigos e guardará seus segredos, e nenhum homem vivo será capaz de lhe dar resistência.
- Isso é o que você diz. Palavras são vento. Quando a hora chegar, pode apresentar esse seu modelo de perfeição e veremos se ele é tudo aquilo que promete.
- Cantarão sobre ele, juro - os olhos de Lorde Qyburn enrugaram-se de divertimento. - Posso lhe perguntar sobre a armadura?
- Fiz a sua encomenda. O armeiro julga-me louca. Garante-me que nenhum homem é suficientemente forte para se mover e lutar envergando tal peso de aço - Cersei deitou ao meistre sem corrente um olhar de aviso. - Faça de mim tola e morrerá aos gritos. Está consciente disso?
- Sempre, Vossa Graça.
- Ótimo. Não diga mais nada sobre isso.
- A rainha é sensata. Estas paredes têm ouvidos.
- Sim - à noite, Cersei por vezes ouvia pequenos sons, até em seus próprios aposentos. Ratos nas paredes, costumava dizer a si mesma, não passa disso.
Uma vela ardia junto à sua cama, mas a lareira apagara-se e não havia mais nenhuma luz. O quarto também estava frio. Cersei despiu-se e enfiou-se nas mantas, deixando o vestido amontoado no chão. Ao lado, na cama, Taena moveu-se.
- Vossa Graça - murmurou em voz baixa. - Que horas são?
- A hora da coruja - a rainha respondeu.
Embora Cersei dormisse frequentemente só, nunca gostara daquilo. Suas memórias mais antigas eram de partilhar uma cama com Jaime, quando ainda eram tão novos que ninguém os conseguia distinguir. Mais tarde, depois de serem separados, tivera uma série de companheiras de cama, a maioria garotas de sua idade, as filhas dos cavaleiros domésticos ou vassalos do pai. Nenhuma lhe agradara, e poucas duraram algum tempo. Serpentezinhas, todas elas. Criaturas insípidas e choronas, sempre contando histórias e tentando se intrometer entre mim e Jaime. Apesar disso, tinha havido noites, nas negras entranhas do Rochedo, em que aceitara de bom grado o calor delas ao seu lado. Uma cama vazia era uma cama fria.
Principalmente ali. Aquele quarto era gelado, e seu maldito marido real morrera sob aquele dossel. Robert Baratheon, o Primeiro de Seu Nome, que nunca haja um segundo. Um brutamontes obtuso e bêbado. Que chore no inferno, Taena aquecia-lhe a cama tão bem quanto Robert, e nunca tentava forçá-la a abrir as pernas. Nos últimos tempos, partilhara mais frequentemente a cama de Cersei do que a de Lorde Merryweather. Orton não parecia se importar... ou, se se importava, tinha esperteza suficiente para não dizê-lo.
- Fiquei preocupada quando acordei e não a vi aqui - murmurou a Senhora Merryweather, sentando-se e encostando-se nas almofadas, com a colcha enrolada na cintura.
- Há algo errado?
- Não - Cersei respondeu - tudo está bem. Amanhã, Sor Loras partirá para Pedra do Dragão, a fim de conquistar o castelo, libertar a frota Redwyne e nos demonstrar a todos sua virilidade - contou à myrana tudo o que tinha ocorrido sob a sombra oscilante do Trono de Ferro. - Sem seu valente irmão, nossa pequena rainha está praticamente nua. Tem seus guardas, com certeza, mas eu tenho visto o capitão por aí, no castelo. Um velho tagarela com um esquilo no sobretudo. Os esquilos fogem dos leões. Ele não tem o que é preciso para desafiar o Trono de Ferro.
- Margaery tem outras espadas ao seu redor - assegurou a Senhora Merryweather. - Fez muitos amigos na corte, e tanto ela como as jovens primas têm admiradores.
- Alguns pretendentes não me preocupam - Cersei retrucou. - O exército em Ponta Tempestade, contudo...
- O que pretende fazer, Vossa Graça?
- Por que quer saber? - a pergunta foi um pouco direta demais para o gosto de Cersei. - Espero que não esteja planejando partilhar meus indolentes devaneios com nossa pobre rainhazinha.
- Nunca. Não sou a tal Senelle.
Cersei não queria pensar em Senelle. Ela pagou a minha bondade com traição. Sansa Stark também assim fizera. E o mesmo tinham feito Melara Hetherspoon e a gorda Jeyne Farman, quando as três eram garotas. Nunca teria entrado naquela tenda se não fossem elas. Nunca teria permitido que Maggy, a Rã, saboreasse meus amanhãs numa gota de sangue.
- Ficaria muito triste se alguma vez traísse minha confiança, Taena. Não teria alternativa exceto entregá-la a Lorde Qyburn, mas sei que choraria.
- Nunca lhe darei motivo para chorar, Vossa Graça, Se o fizer, bastará dizer e eu mesma me entregarei a Qyburn. Só desejo estar perto de você. Servi-la de todas as formas que me pedir.
- E por esse serviço, que recompensa espera?
- Nada. Agrada-me agradá-la - Taena rolou sobre si mesma, pondo-se de lado, com a pele cor de oliva brilhando à luz das velas. Seus seios eram maiores do que os da rainha, e terminavam em enormes mamilos, negros como um chifre. Ela é mais nova do que eu. Seus seios ainda não começaram a cair. Cersei perguntou a si mesma como seria beijar outra mulher. Não um beijo ligeiro na bochecha, como era cortesia comum entre as senhoras de nascimento elevado, mas um beijo intenso nos lábios. Os de Taena eram muito cheios. Perguntou a si mesma como seria chupar aqueles seios, deitar a mulher de Myr de costas, forçá-la a abrir as pernas e usá-la como um homem a usaria, do modo como Robert a usava quando estava cheio de bebida e ela não conseguia levá-lo até o fim com a mão ou a boca.
Aquelas tinham sido as piores noites, em que jazia impotente debaixo dele enquanto ele se satisfazia, fedendo a vinho e grunhindo como um javali. Normalmente rolava de cima dela e adormecia assim que terminava, e já ressonava antes de sua semente ter tempo de secar nas coxas de Cersei. Depois, ficava sempre dolorida, em carne viva entre as pernas, com os seios machucados pelos maus-tratos que ele lhes dava. A única vez que a deixara molhada fora na noite do casamento.
Robert era bastante atraente quando se casaram, alto, forte e poderoso, mas seus cabelos eram negros e pesados, os pelos eram densos no peito e grossos em volta do sexo. Foi o homem errado que regressou do Tridente, pensava por vezes a rainha enquanto ele abria caminho através de seu corpo. Nos primeiros anos, quando a montava com mais frequência, fechava os olhos e fingia que Robert era Rhaegar. Não conseguia fingir que era Jaime; era muito diferente, era-lhe estranho demais. Até seu cheiro era errado.
Para Robert, essas noites nunca aconteciam. Ao amanhecer, não se lembrava de nada, ou pelo menos era nisso que queria levá-la a crer. Uma vez, durante o primeiro ano do casamento, Cersei exprimira seu desagrado no dia seguinte.
“Machucou-me” ela tinha então protestado. Ele teve a decência de parecer envergonhado.
“Não fui eu, senhora” dissera, num carrancudo tom de amuo, como uma criança pega roubando bolos de maçã da cozinha. “Foi o vinho. Bebo vinho demais.” Para empurrar para dentro a admissão, estendera a mão para o corno de cerveja. Quando o levara à boca, ela atirara-lhe seu próprio corno à cara, com tanta força que lhe lascara um dente. Anos mais tarde, num banquete, ouvira-o contar a uma criada o modo como rachara o dente numa luta corpo a corpo. Bem, nosso casamento foi um a luta corpo a corpo, refletiu, portanto ele não mentiu.
Mas todo o resto tinha sido mentira. Ele se lembrava do que lhe fazia à noite, estava convencida disso. Conseguia vê-lo em seus olhos. Ele só fingia esquecer; era mais fácil fazer isso do que enfrentar a vergonha. Bem lá no fundo, Robert Baratheon era um covarde. Com o passar do tempo, os ataques foram se tornando menos frequentes. Durante o primeiro ano, tomava-a pelo menos uma vez a cada quinze dias; por fim, nem chegava a uma vez por ano. Nunca tinha parado por completo, contudo. Mais cedo ou mais tarde chegaria sempre uma noite em que beberia demais e viria reclamar seus direitos. O que o envergonhava à luz do dia dava-lhe prazer na escuridão.
- Minha rainha? - Taena Merryweather a tirou de seus pensamentos. - Tem uma expressão estranha nos olhos. Alguma coisa errada?
- Estava só... relembrando - tinha a garganta seca. - É uma boa amiga, Taena. Não tenho uma verdadeira amiga desde...
Alguém bateu com força à porta.
Outra vez? A urgência do som a fez estremecer. Terão mais mil navios caído sobre nós? Enfiou-se num roupão e foi ver quem era.
- Peço perdão por incomodá-la, Vossa Graça - disse o guarda - mas a Senhora Stokeworth está lá embaixo e implora por uma audiência.
- A essa hora? - Cersei explodiu. - Terá Falyse perdido o juízo? Diga-lhe que me retirei. Diga-lhe que há plebeus nos Escudos sendo chacinados. Diga-lhe que passei metade da noite acordada. Recebo-a de manhã.
O guarda hesitou.
- Se aprouver a Vossa Graça, ela... ela não está nas melhores condições, se compreende o que quero dizer.
Cersei franziu as sobrancelhas. Assumira que Falyse estava ali para lhe dizer que Bronn se encontrava morto.
- Muito bem. Terei de me vestir. Leve-a para meu aposento privado e diga-lhe para esperar - quando a Senhora Merryweather se preparou para se levantar e ir com ela, a rainha objetou. - Não, fique. Pelo menos uma de nós deve ter algum descanso. Não demorarei.
O rosto da Senhora Falyse estava inchado e cheio de manchas negras, os olhos vermelhos por causa das lágrimas. Tinha o lábio inferior rachado, e as roupas manchadas e rasgadas.
- Pela bondade dos deuses - Cersei exclamou enquanto a introduzia no aposento privado e fechava a porta. - O que aconteceu ao seu rosto?
Falyse não pareceu ouvir a pergunta.
- Ele o matou - disse, numa voz trêmula. - Mãe, misericórdia, ele... ele... - e rebentou em soluços, com o corpo todo estremecendo.
Cersei serviu uma taça de vinho e a levou à mulher que chorava.
- Beba isto. O vinho a acalmará. Isso. Um pouco mais. Pare com esse choro e diga-me por que está aqui.
Foi preciso o resto do jarro para a rainha finalmente conseguir arrancar toda a triste história da Senhora Falyse. Quando o fez, não soube se deveria rir ou se enfurecer.
- Combate singular - repetiu. Não haverá ninguém nos Sete Reinos com quem eu possa contar? Serei a única pessoa de Westeros com um pouco de miolos? - Está me dizendo que Sor Balman desafiou Bronn para um com bate singular?
- Ele falou que seria s-s-simples. A lança é uma arma de c-cavaleiro, ele disse, e B-Bronn não era um verdadeiro cavaleiro. Balman disse que o derrubaria do cavalo e acabaria com ele enquanto estivesse a-a-atordoado.
Bronn não era um cavaleiro, isso era verdade. Era um assassino endurecido pela batalha. O cretino do seu marido escreveu a própria sentença de morte.
- Um plano magnífico. Devo me atrever a lhe perguntar por que terminou mal?
- B-Bronn enfiou a lança no peito do pobre c-c-c-cavalo de Balman. Balman, ele... suas pernas foram esmagadas quando o animal caiu. Ele gritou tanto que dava dó...
Os mercenários não têm dó, Cersei podia ter dito.
- Pedi a vocês para planejar um acidente de caça. Uma flecha perdida, uma queda do cavalo, um javali furioso... há tantas maneiras de um homem morrer na floresta. E nenhuma delas envolve lanças.
Falyse não pareceu ouvi-la.
- Quando tentei correr para o meu Balman, ele, ele, ele bateu em meu rosto. Obrigou meu senhor a c-c-confessar. Balman gritava pelo Meistre Frenken, para que o tratasse, mas o mercenário, ele, ele, ele...
- Confessar? - Cersei não gostou da palavra. - Confio que nosso bravo Sor Balman tenha controlado a língua.
- Bronn enfiou-lhe um punhal no olho e disse-me que era melhor que eu saísse de Stokeworth antes do pôr do sol, senão o mesmo aconteceria comigo. Disse que me entregaria à g-g-guarnição, se algum deles me quisesse. Quando ordenei que Bronn fosse capturado, um de seus cavaleiros teve a insolência de dizer que eu devia fazer o que Lorde Stokeworth dizia. Chamou-o Lorde Stokeworth! - Senhora Falyse agarrou-se à mão da rainha. - Vossa Graça precisa me dar cavaleiros. Uma centena de cavaleiros! E besteiros, para retomar meu castelo. Stokeworth é meu! Eles nem sequer me autorizaram ir buscar minha roupa! Bronn disse que agora era a roupa da mulher dele, todas as minhas s-sedas e veludos.
Os trapos são o menor de seus problemas. A rainha libertou seus dedos da mão pegajosa da mulher.
- Pedi a vocês para soprar uma vela para ajudar a proteger o rei. Em vez disso, atiraram um frasco de fogovivo sobre ele. Será que o imbecil de seu Balman ligou meu nome a isso? Diga-me que não o fez.
Falyse lambeu os lábios.
- Ele... ele estava com dores, tinha as pernas quebradas. Bronn disse que lhe mostraria misericórdia, mas... O que vai acontecer à minha pobre m-m-mãe?
Imagino que morrerá.
- O que acha? - Senhora Tanda podia perfeitamente já estar morta. Bronn não parecia ser o tipo de homem que faria um grande esforço para tratar de uma velha com um quadril quebrado.
- Precisa me ajudar. Para onde irei? O que farei?
Talvez possa se casar com o Rapaz Lua, Cersei quase disse. É um idiota quase tão grande quanto seu falecido marido. Não podia se arriscar a uma guerra à porta de Porto Real, especialmente naquele momento.
- As irmãs silenciosas sempre ficam felizes por receber viúvas - disse. - A vida que levam é serena, uma vida de rezas, contemplação e boas obras. Trazem alívio aos vivos e paz aos mortos - e não falam. Não podia ter a mulher correndo pelos Sete Reinos, espalhando histórias perigosas.
Falyse estava surda perante o bom-senso.
- Tudo que fizemos, fizemos ao serviço de Vossa Graça. Orgulhosos de ser Fiéis. Você disse...
- Eu me lembro - Cersei forçou um sorriso. - Ficará aqui conosco, senhora, até o momento de acharmos uma maneira de reconquistar seu castelo. Deixe que lhe sirva outra taça de vinho. Ajudará você a dormir. Está cansada e com o coração enfermo, isto é evidente. Minha pobre, querida Falyse. Isso, beba.
Enquanto sua convidada labutava com o jarro, Cersei foi à porta e chamou as aias. Disse a Dorcas que encontrasse Lorde Qyburn e o trouxesse ali imediatamente. Despachou Jocelyn Swyft para as cozinhas.
- Traga pão e queijo, um empadão de carne e algumas maçãs. E vinho. Temos sede.
Qyburn chegou antes da comida. A Senhora Falyse tinha emborcado mais três taças àquela altura e começava a deixar cair a cabeça, embora de vez em quando acordasse e soltasse mais um soluço. A rainha afastou-se com Qyburn e lhe contou a loucura de Sor Balman.
- Não posso ter Falyse espalhando histórias pela cidade. O desgosto a deixou fraca de espírito. Ainda precisa de mulheres para o seu... trabalho?
- Preciso, Vossa Graça. Os titereiros estão bastante gastos.
- Então leve-a e faça com ela o que quiser. Mas, uma vez que desça às celas negras... tenho de dizer mais alguma coisa?
- Não, Vossa Graça. Eu compreendo.
- Ótimo - a rainha voltou a colocar um sorriso no rosto. - Querida Falyse, Meistre Qyburn está aqui. Ele a ajudará a descansar.
- Oh - Falyse disse vagamente. - Oh, que bom.
Quando a porta se fechou atrás deles, Cersei serviu-se de mais uma taça de vinho.
- Estou cercada de inimigos e imbecis - disse. Nem sequer podia confiar em seu próprio sangue e família, nem em Jaime, que outrora fora sua outra metade. Ele deveria ser minha espada e escudo, meu forte braço direito. Por que insiste em me irritar?
Bronn não era mais do que um aborrecimento, certamente. Nunca acreditara de verdade que ele estivesse dando abrigo ao Duende. Seu deformado irmãozinho era esperto demais para permitir que Lollys desse seu nome ao maldito bastardo que mal parira, sabendo que isso certamente atrairia a fúria da rainha sobre ela. A Senhora Merryweather fizera-o notar, e tinha razão. A troça era certamente obra do mercenário. Conseguia imaginá-lo observando seu enrugado e vermelho filho adotivo mamando numa das tetas inchadas de Lollys, com uma taça de vinho na mão e um sorriso insolente no rosto. Sorria o quanto quiser, Sor Bronn, não vai demorar até que grite. Desfrute de sua senhora desmiolada e de seu castelo roubado enquanto pode. Quando a hora certa chegar, hei de esmagá-lo como se fosse um a mosca. Talvez devesse enviar Loras Tyrell para o esmagamento, se o Cavaleiro das Flores conseguisse arranjar um meio de regressar vivo de Pedra do Dragão. Isso seria delicioso. Se os deuses forem bons, matarão um ao outro, como Sor Arryk e Sor Erryk. E quanto a Stokeworth... não, estava cansada de pensar em Stokeworth.
Taena voltara a adormecer quando a rainha regressou ao quarto com a cabeça girando. Vinho de mais e sono de menos, disse a si mesma. Não eram todas as noites que era acordada duas vezes com notícias tão alarmantes. Pelo menos consegui acordar. Robert estaria bêbado demais para se levantar, quanto mais governar. Teria cabido a Jon Arryn lidar com tudo isso. Agradava-lhe pensar que dava um rei melhor do que Robert.
O céu que se via da janela já começava a clarear. Cersei sentou-se na cama ao lado da Senhora Merryweather, escutando sua suave respiração, observando seus seios subir e descer. Sonhará ela com Myr? Perguntou a si mesma. Ou será com seu amante da cicatriz, o homem perigoso de cabelos escuros que não se deixava recusar? Tinha bastante certeza de que Taena não sonhava com Lorde Orton.
Cersei envolveu o seio da outra mulher numa mão. A princípio com suavidade, quase sem tocá-lo, sentindo na palma da mão o calor que ele emitia, a pele macia como cetim. Deu-lhe um apertão brando, e, então, percorreu levemente o grande mamilo escuro com a unha, de um lado para o outro, e de um lado para o outro novamente, até que o sentiu enrijecer. Quando ergueu os olhos, os de Taena estavam abertos.
- Isto é bom? - perguntou.
- Sim - Senhora Merryweather respondeu.
- E isto? - Cersei beliscou o mamilo, puxando-o com força, torcendo-o entre seus dedos.
A mulher de Myr soltou uma arfada de dor.
- Está me machucando.
- É só o vinho. Bebi um jarro no jantar e outro com a viúva Stokeworth.Tive de beber para mantê-la calma - torceu também o outro mamilo de Taena, puxando-o até que a outra mulher arquejou. - Sou a rainha. Pretendo reclamar meus direitos.
- Faça o que quiser - os cabelos de Taena eram negros como os de Robert, mesmo os pelos entre as pernas, e quando Cersei a tocou ali, descobriu-os encharcados, enquanto os de Robert eram grossos e secos. - Por favor - disse a mulher de Myr - prossiga, minha rainha. Faça o que quiser comigo. Sou sua.
Mas não valia a pena. Não conseguia sentir, fosse o que fosse que Robert sentia nas noites em que a tomava. Não havia prazer naquilo, pelo menos para si. Para Taena, sim. Seus mamilos eram dois diamantes negros, o sexo estava escorregadio e fumegante. Robert teria amado você durante uma hora. A rainha enfiou um dedo naquele pântano de Myr, e depois outro, movendo-os para dentro e para fora, mas depois de se derramar dentro de você, sentiria dificuldade para lembrar seu nome.
Queria ver se seria tão fácil com uma mulher como sempre fora com Robert. Dez mil de seus filhos morreram na palma de minha mão, Vossa Graça, pensou, enfiando um terceiro dedo em Myr, Enquanto roncava, eu lambia seus filhos um por um de meu rosto e dedos, todos aqueles pálidos príncipes pegajosos. Você reclamava seus direitos, senhor, mas na escuridão eu comia seus herdeiros. Taena estremeceu. Arquejou algumas palavras numa língua estrangeira e então voltou a estremecer, arqueou as costas e gritou. Soa como se estivesse sendo trespassada, pensou a rainha. Por um momento, permitiu-se imaginar que seus dedos eram as presas de um javali rasgando a mulher de Myr das virilhas à garganta.
Ainda não sentia prazer.
Nunca sentira com ninguém, exceto Jaime,
Quando tentou afastar a mão, Taena a apanhou e beijou-lhe os dedos.
- Querida rainha, como posso lhe dar prazer? - fez deslizar a mão pelo flanco de Cersei e tocou-lhe o sexo. - Diga-me o que quer de mim, meu amor.
- Deixe-me - Cersei virou-lhe as costas e puxou os cobertores para se cobrir, estremecendo. A aurora já rompia. Logo seria manhã, e tudo aquilo seria esquecido.
Jamais acontecera.

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